Marco Villas Boas – Sócio Sênior da DMS PARTNERS
Na empresa familiar que começamos a acompanhar, traçaram-se alguns pontos fundamentais para iniciar uma jornada evolutiva em governança. Vamos a seguir apresentar alguns caminhos nessa evolução, lembrando sempre que cada caso é um caso: a solução para uma empresa muito provavelmente não é a mesma para uma outra empresa, mesmo que ambas sejam razoavelmente similares. Razão para isso: valores, crenças, desejos, necessidades e contexto variam de um caso para outro.
Vamos explorar os caminhos alinhados no post anterior.
- Papel do patriarca-fundador: a decisão - fortemente pessoal, mas tomada com apoio da família, ambiente próprio para essa decisão - foi de empreender um novo negócio, em setor diferente (segundo ele, agora teria “sua menina dos olhos”), em sociedade meio a meio com um investidor, o que mobilizou aconselhadores e advogados no campo societário, fora do ambiente da atual empresa.
- A sucessão na gestão foi um pouco mais trabalhosa. Havia dois sucessores familiares em potencial. A decisão foi de abrir um processo seletivo em que esses dois concorreriam com currículos de mercado. Nesse aspecto trabalhou-se muito a percepção, por parte de toda a família, de que uma empresa é um ente feito para a longevidade, o que requer alta competência por parte do nível da diretoria executiva. Ao fim e ao cabo, o diretor presidente veio do mercado. Um dos membros da família ficou na diretoria de operações, em função do seu conhecimento do tema, e o outro membro foi treinado para buscar posições no mercado.
Ponto para a separação família - empresa – gestão, item crítico em governança corporativa.
- Na questão patrimonial, o patriarca decidiu manter o capital em suas mãos e nas de seus dois herdeiros, para quem transferiu parcelas de suas quotas, até que um novo momento empresarial (expansão, aquisições, necessidade de capitalização?...) sugerisse reabrir o tema.
- Quanto aos agentes de governança, os acionistas (o fundador e seus dois herdeiros)
decidiram pela criação de um conselho consultivo com três membros: o fundador e mais dois conselheiros independentes, como forma de oxigenar o direcionamento e o acompanhamento estratégicos, e o monitoramento de riscos.
As mudanças recentes levaram a empresa a uma nova dinâmica no exercício de poder, na orientação da estratégia e na gestão das operações. No próximo post, podemos analisar alguns pontos de ganho e de riscos evitados com essa governança nascente, bem como vislumbrar passos para mais evolução.
Contem com a assessoria do time de especialistas em Governança Corporativa da DMS
Partners.
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