Edson Gissoni e Rual Rousselet – Sócios Executivos da DMS PARTNERS
A determinação do valor econômico das empresas é fator crítico nas negociações de fusões e aquisições e tem como objetivo estimar uma faixa de referência que sirva como base nas negociações. Compradores e vendedores sempre temem estarem pagando mais do que deveriam ou pedindo menos do que poderiam respectivamente, mas no final é importante ressaltar que o valor de um negócio sempre será definido pelo processo de negociação entre as partes interessadas, e que o valor referência de uma empresa, calculado pelos processos de avaliação, representam apenas o valor potencial de um negócio em função das expectativas de geração de resultados futuros.
Existem vários métodos para avaliar o valor econômico de uma empresa. Estes incluem
métodos baseados em fluxo de caixa descontado (DCF), métodos relativos (múltiplos),
métodos de mercado e métodos de ação, sendo os dois primeiros os mais utilizados em
processos de compra e venda de empresas:
Métodos de fluxo de caixa descontado (DCF): os métodos de DCF avaliam o valor econômico de uma empresa com base no fluxo de caixa futuro esperado da empresa. Estes fluxos de caixa futuros são descontados para seu valor atual líquido, proporcionando um valor de avaliação atual.
Métodos relativos ou de Múltiplos: os métodos relativos avaliam o valor econômico de uma empresa com base no seu desempenho relativo a outras empresas similares. Por exemplo, o método de multiplicador de preço/lucro (P/E) compara o preço atual das ações da empresa à sua relação lucro/preço (P/E) para outras empresas similares.
Métodos de mercado: os métodos de mercado avaliam o valor econômico de uma empresa com base no preço atual das ações da empresa. Estes preços de ações refletem as previsões dos investidores sobre a performance futura da empresa.
Métodos de ação: os métodos de ação avaliam o valor econômico de uma empresa com base na quantidade de ações existentes e no seu preço atual. Esta metodologia é usada para avaliar empresas privadas que não cotam em bolsa.
Vale observar que nenhum método fornece um valor preciso e único para uma empresa, mas sim uma estimativa de valor. Isso porque as decisões que afetam receitas, custos, despesas, capital de giro e investimentos, aliadas às mudanças ocorridas na conjuntura econômica local e global, influenciam nos resultados da empresa e alteram o seu valor. Dependendo do modelo adotado, das premissas assumidas e dos cenários criados, dois avaliadores podem obter resultados diferentes para a mesma empresa. Nesse sentido, a avaliação de empresas não precisa ter como objetivo a determinação do valor exato pelo qual elas podem ser negociadas, mas sim o estabelecimento de uma faixa de valores.
Para o comprador, o que interessa é determinar o valor máximo que pode ser pago, ao passo que para o vendedor, o que interessa é determinar o valor mínimo aceitável para negociá-la. Esses dois valores é que serão objeto de negociação para definição do preço final, que geralmente estará em um ponto intermediário entre os dois extremos.
Os modelos de avaliação são essencialmente quantitativos, entretanto o processo de avaliação contempla muitos aspectos subjetivos, inseridos nas premissas de tais modelos. Por isso, tais premissas devem ser analisadas cuidadosamente, pois são fundamentais para a qualidade do modelo e para a confiabilidade dos resultados. Além disso, outros fatores importantes atuam na definição do preço final da transação, por exemplo, para um potencial investidor estratégico, o “time to Market”, as sinergias entre operações, a abertura de novos mercados, o aumento do portfólio de produtos e/ou clientes e muitos outros, são fatores agregadores de valor.
As expectativas do valor de uma empresa para o proprietário podem ser muito diferentes do valor ofertado por um potencial investidor ou o estimado por analistas e avaliadores. O empreendedor geralmente tem um valor sentimental pela empresa e costuma projetar sobre ela um alto crescimento, continuo e sustentado e como normalmente tem em sua memória todos os investimentos já realizados durante a vida da empresa, tende a considerar esses investimentos como referência preponderante de valor.
Por essas e outras razões, a preparação da empresa para venda e a avaliação do seu valor econômico, feita por assessores independentes especializados, que por obrigação devem ser imparciais mostra-se fundamental em um processo de venda ou compra de empresas. A função dos assessores nesses tipos de transações deve ser avaliar a empresa sem se mostrarem otimistas ou conservadores, mas apenas realistas.
Contem com a assessoria do time de especialistas em Fusões & Aquisições (M&A) da DMS Partners.
Referências:
The Art of M&A – A Merger, Acquisition, and Buyout Guide Alexandra Reed Lajoux with Capital Expert Services, LLC – Fifth Edition
Avaliação de Empresas – Um Guia para Fusões & Aquisições e Private Equity
Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Fernando Pereira
Esclarecedor e objetivo este painel que sintetiza bem o conceito de Valuation e respectivas metodologias de análise e avaliação.